sábado, 26 de setembro de 2009

Ética esquecida!

A Ética Absoluta do Reino de Deus

O significado das leis cerimoniais de Israel.


Todavia, há que se distinguirem, no Pentateuco, as leis cerimoniais, sociais e cívicas dadas por Deus a Moisés.

Elas foram exclusivas para o povo de Israel, sem obrigatoriedade para os cristãos (cf. Cl 2.16-23).

Apesar disso, o conteúdo ético, moral, que as norteia e os princípios implícitos são pertinentes ao povo de Deus de qualquer época.

Não se discute, por exemplo, o caráter de pureza implícito em certas normas cerimoniais (cf. Lv 5.3; 7.20,21).

Ainda que elas não tenham jurisdição[1] sobre a Igreja, o propósito para o qual apontavam permanece inalterado, pois a pureza de coração é uma das principais qualidades da vida cristã (ver 1Tm 1.5; 5.22; 1Pe 1.22,23).

A universalidade dos princípios morais da lei mosaica.

Todavia, além das normas já citadas, havia outras de caráter explicitamente moral, cuja universalidade está clara nas Escrituras.

São válidas para “todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares”.

O Senhor as reitera no Sermão do Monte e declara de maneira contundente[2] a sua importância como marco distintivo do Reino de Deus (vv.18,19).

São referenciais permanentes e imutáveis que se aplicam em qualquer cultura e expressam não só o padrão de santidade exigido por Deus, mas também o tipo de reação que se espera do crente diante das diferentes circunstâncias da vida (cf. Mt 5.38-42).

Porque a ética do Reino de Deus é absoluta?


A ética do Sermão do Monte tem caráter absoluto.

Ela não se altera ao sabor das diferentes situações, não se ajusta ao que pensa o homem e nem se modifica para adaptar-se ao estilo de vida de cada um, mas é a exata expressão do propósito de Deus para o seu povo (ver Mt 5.48; 1Pe 1.13-16).

A Busca do Padrão Ético do Reino de Deus

É parte da responsabilidade cristã.


A busca deste padrão ético deve, portanto, constituir-se no alvo de cada crente, sendo parte de sua responsabilidade cristã.

Como Paulo ensinou aos gálatas, não se trata de obrigação imposta por um sistema legal, mas de algo que resulta de já estarmos crucificados com Cristo e de Ele ter assumido a nossa própria vida para tornar-nos capazes de ardentemente prosseguir em busca desse objetivo (ver Gl 2.20; Fp 3.12).

Isto implica afirmar, com absoluta segurança, que se o crente não manifesta esse desejo de aperfeiçoar a sua vida cristã a cada dia, nos moldes ensinados por Cristo no Sermão do Monte, é certo que não tenha experimentado a verdadeira transformação interior ou a tenha perdido no meio do caminho.

Ainda que a força da lei não produza nenhuma piedade, só aparência, o coração transformado será compelido a expressar em sua vida esse padrão ético desejado por Deus (cf. Sl 42.2; 63.1).

É resultado exclusivo da graça.

Por outro lado, cabe ressaltar, com a mesma segurança, que, se nenhum esforço humano pode produzir não só o ardente desejo, mas também a possibilidade de se experimentar, aqui e agora, essa dimensão ética do Reino de Deus, só há uma resposta a ser dada: ela é resultado exclusivo da graça (ver Rm 6.1-15).

O propósito de Cristo é que as exigências espirituais da Lei de Deus se cumpram na vida de seus seguidores (Rm 3.31; 8.4).

O relacionamento entre o crente e a Lei de Deus envolve os seguintes aspectos:

1. A lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do Antigo Testamento (Mt 7.12; 22.36-40) bem como nos ensinamentos de Cristo e dos apóstolos (28.20; 1Co 7.19; Gl 6.2).


Essas leis revelam a natureza e a vontade de Deus para todos e continuam hoje em vigor.

As leis do Antigo Testamento destinadas diretamente à nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas, já não são obrigatórias (Hb 10.1-4; Lv 1.2,3; 24.10).

2. O crente não deve considerar a Lei como sistema de mandamentos legais através do qual se pode obter mérito para o perdão e a salvação (Gl 2.16,19).


Pelo contrário, a Lei deve ser vista como um código moral para aqueles que já estão num relacionamento salvífico com Deus e que, por meio da sua obediência à Lei, expressam a vida de Cristo dentro de si mesmo (Rm 6.15-22).

3. A fé em Cristo é o ponto de partida para o cumprimento da Lei.


Mediante a fé nEle, Deus torna-se nosso Pai (cf. Jo 1.12).

Por isso, a obediência que prestamos como crentes não provém somente do nosso relacionamento com Deus como legislador soberano, mas também do relacionamento de filhos para com o Pai (Gl 4.6).

Mediante a fé em Cristo, o crente, pela graça de Deus (Rm 5.21)


e pelo Espírito Santo que nele habita (Gl 3.5,14),

recebe o impulso interior e o poder para cumprir a Lei de Deus (Rm 16.25,26).

Os crentes têm sido libertos do poder do pecado, e sendo agora servos de Deus (Rm 18.22), seguem o princípio da fé, pois estão “debaixo da lei de Cristo” (1Co 9.21).

Jesus ensinava enfaticamente que cumprir a vontade do seu pai celeste é uma condição permanente para a entrada no reino dos céus.

[1] Poder atribuído a uma autoridade para fazer cumprir determinada categoria de leis.
[2] Incisivo, decisivo.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Crentes - A Luz do Mundo V

“Vós Sois A Luz do Mundo”.

Fazendo uso de metáforas[1], Jesus afirmou que os seus discípulos são “a luz do mundo”.

Figura extraordinária essa!

Diferentemente do sal, que não é visto em ação, a luz só tem valor quando é percebida, quando aparece.

1. O testemunho elevado.

Comparando seus seguidores como luz do mundo, Jesus disse que “não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”.

De fato, as cidades sobre os montes, quando chega a noite, refletem as luzes de suas casas e ruas.

Como luz, o crente está edificado sobre Cristo, em posição muita elevada. Ele “nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef 2.6).

O salmista reconhecia essa posição elevada, quando disse: “Leva-me para a rocha que é mais alta do que eu” (Sl 61.2).

2. Crentes no velador.


Jesus disse que não se “acende uma candeia[2] e se coloca debaixo do alqueire[3], mas no velador, e dá luz a todos os que estão na casa” (Mt 5.15).

Velador é um suporte de madeira, onde se coloca um candeeiro ou uma vela, em lugar elevado, na casa, de forma que a luz que ali estiver, ilumine a todos que estiverem a seu redor.

“Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (Jo 3.21).

Infelizmente, há pessoas nas igrejas, que se colocam debaixo do alqueire do comodismo, da indiferença, da falta de fé e de ação, e apagam-se, por faltar o oxigênio da presença de Deus.

3. O testemunho que resplandece (Mt 5.16).


“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens...”

O crente em Jesus não tem luz própria.

Ele não é estrela, com luz própria.

Ele pode ser comparado a um planeta, que é um astro iluminado por uma estrela, em torno do qual ele gravita.

Na verdade, nós somos iluminados por Jesus.

Ele, sim, é a “estrela da alva” (2Pe 1.19), a “resplandecente Estrela da manhã” (Ap 22.16).


NEle, e em torno dEle, nós vivemos, e recebemos a sua luz.

Com nosso testemunho, precisamos esparzir[4] a “luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4).

4. Para que vejam as vossas boas obras.


O crente, como luz, dá seu testemunho, através das boas obras de salvo, “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).

Muitos têm ganhado almas para Jesus, na evangelização, porque praticam um testemunho eloqüente, em todos os lugares.

Sabemos de servos e servos de Deus, que, no seu lar, ganharam toda a família, por causa de suas atitudes cristãs; outros que no trabalho ganharam seus colegas, por causa do comportamento cristão.

Com isso, eles glorificam a Deus, que está nos céus.

Paulo, exortando os crentes acerca do testemunho, disse que fizessem tudo “para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fp 2.15).

Em Provérbios, lemos: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18).

“No mundo, os crentes são forasteiros e peregrinos” (Hb 11.13; 1Pe 2.11).


Não devem pertencer ao mundo (Jo 15.19),

Não se conformar com o mundo, não amar o mundo (2.15),

Vencer o mundo (5.4),

Odiar a iniqüidade do mundo, morrer para o mundo (Gl 6.14)

E ser libertos do mundo (Cl 1.13; Gl 1.4).

Amar o mundo corrompe nossa comunhão com Deus e leva à destruição espiritual.


É impossível amar o mundo e ao Pai ao mesmo tempo (Mt 6.24; Lc 16.13; Tg 4.4).

Amar o mundo significa estar em estreita comunhão com ele e dedicar-se aos seus valores, interesses, caminhos e prazeres.


Significa ter prazer e satisfação naquilo que ofende a Deus e que se opõe a Ele.

Note, é claro, que os termos ‘mundo’ e ‘terra’ não são sinônimos; Deus não proíbe o amor à terra criada, isto é, à natureza, às montanhas, às florestas, etc. (...).

· O crente não deve ter comunhão espiritual com aqueles que vivem o sistema iníquo do mundo (Mt 9.11; 2Co 6.14);

· Deve reprovar abertamente o pecado deles (Jo 7.7; Ef 5.11);

· Deve ser sal e luz do mundo para eles (Mt 5.13,14);

· Deve amá-los (Jo 3.16);

· Deve procurar ganhá-los para Cristo (Mc 16.15; Jd 1.22,23).

[1] Tipo que consiste na transferência de uma palavra para um âmbito semântico que não é o do objeto que ela designa, e que se fundamenta numa relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e o figurado.

Exemplo: por metáfora, chama-se raposa a uma pessoa astuta, ou se designa a juventude primavera da vida.

[2] Pequeno aparelho de iluminação, que se suspende por um prego, com recipiente de folha-de-flandres, barro ou outro material, abastecido com óleo, no qual se embebe uma torcida, e de uso em casas pobres.

[3] Uma vasilha de medida de alqueire, que servia para medir cereais, feita de barro, com a capacidade de 8 litros e meio.

[4] Espalhar ou derramar (um líquido); irradiar, difundir.

domingo, 6 de setembro de 2009

SAL e LUZ - IV

O Crente – Luz do Mundo

Em Mateus 5.14, Jesus diz aos seus seguidores de todos os tempos: “Vós sois a luz do mundo...”

A luz brilha e se opõe a treva.

O cristão deve saber que o mundo jamais verá a Deus de maneira melhor do que o próprio crente é capaz de apresentar através de suas atitudes.

Por isto Jesus acrescentou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).

· Davi foi chamado de luz de Israel (2Sm 21.17).

Os seus descendentes chamados de luzes (1Rs 11.36; Sl 132.17; Lc 2.32).

· Jesus Cristo é a Verdadeira Luz do mundo que ilumina a todo homem (Jo 1.9).

Segundo Paulo, os crentes são luzes secundárias.

Aos crentes são reputadas luzes porque participam da luz que vem da fonte luminosa que é Cristo: “Para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15).

Na esfera mundana são trevas; trevas da ignorância, a sua esfera é escuridão, Jesus foi à luz entre os homens (Jo 1.5).

Mas os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.

Os crentes também são luzes que iluminam as trevas segundo os ensinos de Jesus, sem essa iluminação o mundo seria um lugar tenebroso, seus discípulos, pois, devem ser “Como uma cidade edificada sobre um monte”.

Mesmo que as luzes fossem fracas, as cidades edificadas sobre o monte, seriam vistas de grande distância.

Assim também deve ser o crente, brilhando e dissipando as trevas.

A presença real de Deus na vida do crente fará dele uma luz verdadeira, e Deus será glorificado em sua vida.

O crente como luz exerce o seu verdadeiro sacerdócio.


FACCIOSO E INSENSATO

FACCIOSO E INSENSATO        Textos: I Coríntios 1.1-31 INTRODUÇÃO:  A igreja em Corinto era, de todas as igrejas do Novo Testamento...